Parado e atento à raiva do silêncio
de um relógio partido e gasto pelo tempo
estava um velho sentado no banco de um jardim
a recordar fragmentos do passado
na telefonia tocava uma velha canção
e um jovem cantor falava da solidão
que sabes tu do canto de estar só assim
só e abandonado como o velho do jardim?
o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um velho sentado num jardim
passam os dias e sentes que és um perdedor
já não consegues saber o que tem ou não valor
o teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
pra dares lugar a outro no teu banco do jardim
o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um resto de tudo o que existiu
quando forem como tu
um velho sentado num jardim.
Mafalda Veiga
3 comentários:
a esperança de vida cada vez mais longa tem a desvantagem de prolongar a solidão dos que perdem o companheiro(a) pelo caminho. acaba-se frequentemente sem a dignidade merecida, abandonado até pelos próprios filhos.
somos novos, vamos mas é deixar estas conversas para quando já não conseguirmos subir para a mota e procurar não deixar os nossos pais se reverem em canções como esta.
Assino por baixo...
Por vezes fico assim melancólico e esta música é carregada de mensagem e de sentimento, por isso quis partilhar aqui a sua letra, para alertar as consciências de todos, que devemos saber estimar os nossos idosos, pois se o ciclo da vida se completar normalmente, um dia também havemos de lá chegar.
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