The Verse and the Curse
Verse
Deus, caríssimo,
Dói-me o nariz.
Aqui na montanha já nem um sinal de gente viva.
Cheira a morte e a lixo, é o cheiro que a Natureza liberta.
Um ar impuro que se cola às fossas nasais e, quando o vento está favorável,
Dobram-se as plantas medicinais sob a boca dos animais de boca aberta.
É um horror esta montanha verde e branca onde te subo sem saber porquê.
Sei que foi aqui que nasceste e também sei que aqui morreste mas não é isso que interessa.
Os pinheiros e os ares são desculpas para me dares
O Real Sentido da Vida.
Cheirar e estranhar para self-reconhecer.
Se já me encontrei?
Tantas vezes quantas as que me perdi.
E tu, Deus, na montanha onde te escondes?
No cume? Debaixo da neve? Na cabana de lenhador? (nem a cabana eu vi...)
No céu? Nas árvores?
Ou neste véu da cor da dor?
Este é só meu e hoje aqui o largo.
Estou farta de subir.
Curse
Fugi e nunca mais te vi.
Sou vento sou a brisa mais quente vou voando por aí...
Embalo os pássaros, encosto-me às flores, sou mil e duas cores.
Sigo profetas. Sintetizo e sigo metas.
Que encanto não teres compreendido...
Que encanto não termos sido...
Sou mágica e livre porque o quiseste,
Grito-te ao ouvido que me perdeste.
Sou mais e sigo.
Kurva 25 Outubro 2007
Um bom fim-de-semana para todos!! Aproveitem ao máximo e divirtam-se. Cuidado com as gripes que já andam aí... Atchim! Heheh heh
Um abraço da Kurva.
3 comentários:
Muito bem, gostei muito.
Como assinaste com o teu "pseudónimo", deduzo que estes poemas sejam mesmo de tua autoria.
Interpreto-os como um jogo de palavras que nos deixam a pensar, no que estará por detrás dos cenários descritos.
De qualquer das formas não queria estar nessa montanha.
Saudações
Sim, é da minha autoria, da minha nova fase criativa: Atingir a imperfeição na escrita e criar o supra-sumo da merdice. Mas ainda estou muito longe...
Eu também não queria nada estar naquela montanha!... Por isso dei asas à minha personagem e ela libertou-se das visitas semanais.
E tu, mais uma vez, interpretaste-o da melhor maneira. Cada um vê a montanha que quer. É o mais democrático possível.
Eu pessoalmente, gosto muito da forma de escrita indirecta através de jogos de palavras enigmáticos. Por isso gostei muito do que escreveste. Tal como disse leva-nos a tentar descobrir os sentimentos que estão por detrás das palavras.
Aquilo que conseguimos sem esforço, nunca terá tanto valor, como aquilo que nos esforçámos para obter, é o que eu penso.
Quanto à interpretação que eu dou de uma das frases do teu poema (e já que há muito tempo não se fala disto aqui no tasco), “É um horror esta montanha verde e branca onde te subo sem saber porquê”, imagino que foi escrita após subires a escadaria do estádio Alvalade XXI, Eh! Eh! Eh! Para cheirar a lixo e aquelas coisas todas, só pode ser. Eh! Eh!
Bem mas quem ri por último ri melhor e afinal nossa senhora não fez mais milagres e eu fiquei engasgado com duas espinhas dos “carrapauss” de Setúbal.
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