2009/02/08

UMA HISTÓRIA...COMUM A MUITA GENTE!

Foi numa noite de Agosto, quando a Lua iluminava montes e vales e deixava a sua luz reflectir-se sobre as águas, que eu tive uma aparição.
Um anjo desceu diante de mim, uma diva de longos cabelos dourados, uma imagem que me encantou no primeiro olhar e me conquistou o coração. Estaria eu a sonhar, pensei eu. Não era um sonho era realidade, soube-o pelas duas aparições que se seguiram, em duas noites consecutivas, à quarta noite fiquei a olhar para os céus à espera de te ver, e tu não vieste, passaram-se dias, passaram-se noites e sempre que a Lua brilhava no céu, lá estava eu à espera de te ver, e tu nunca vinhas, foi então que me comecei a perder pelos caminhos da vida e numa noite... tu apareceste mais brilhante do que nunca, baixei os meus olhos por um instante ofuscado pela luz brilhante que irradiava da deusa que pairava sobre mim.
Quando ergui novamente a cabeça não queria acreditar no que os meus olhos viam, o meu sonho havia-se tornado num pesadelo. O anjo era um demónio camuflado que sem mais demoras me projectou para o abismo.
Durante vários dias, quantos não sei precisar, mergulhei num vazio que parecia não mais acabar. Quando parecia que a queda não tinha fim, eis que embati no fundo. Por sorte e sem saber porquê, a minha queda fora suave, embora me tenha causado alguns ferimentos, a dor não era tão grande, comparada com a dor que sentira na aflição da queda. Arrastei-me para um local isolado e sombrio, tentando afastar da minha mente o demónio que me perseguia, encontrei uma velha casa aparentemente abandonada, bati à porta e gritei para ver se estava alguém, não obtive resposta. Abri a velha porta de madeira, de dobradiças enferrujadas, que fizeram um barulho de arrepiar a espinha. Já lá dentro de casa, constatei que de facto já há muito tempo que não habitava ali ninguém. Ali fiquei até cair a noite e descobri que afinal a casa era habitada, mas não por pessoas de carne e osso, mas pelas almas daquelas que outrora foram de carne e osso e hoje apenas lhes resta a alma que vagueia por entre os muros do abismo. Fiquei aterrorizado a principio , até que as almas começaram a falar comigo. Foram as almas que me ajudaram a sarar as feridas e me acalmaram a dor que sentia. Ali passei vários dias e aprendi a enfrentar o demónio.
Regressei a pulso à superfície escalando os muros do abismo, preparado para enfrentar os meus anjos e os meus demónios, mas nunca mais os vi, não sei se fiquei contente ou triste por não encontrá-los, porque no fundo, no fundo todas as pessoas que têm coração e que têm sentimentos procuram o seu anjo ou o seu demónio para o enfrentar, quem não queria um demónio como tu?
Faço uma pausa e penso, terei mesmo espantado o meu demónio, ou será apenas uma ilusão da minha mente? Terei eu regressado à superfície, ou é apenas outra ilusão forçada e irreal? Na verdade acho que ainda estou a meio da subida do abismo, ainda oiço as almas lá em baixo, a darem-me força para subir e vejo o demónio lá em cima e sinceramente não sei para que lado hei de ir.
Apenas sei que os anjos e os demónios são apenas criações da mente humana que resultam da necessidade de não estarmos sós, de procurar-mos uma companhia que nos faça sentir completos, que nos faça encontrar o caminho da verdade, do amor, assim nascem os anjos nas nossas mentes.
Rui Santos 2000-01-31

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