Passado tanto tempo, aqui estou
eu de novo de volta ao tasco, neste lugar intimo onde desabafamos as nossas
inquietações, sem saber se alguém vai ler, mas simplesmente para desabafar
quando o sono não chega na noite e quando a frustração, enfim…
Hoje da solidão da minha janela, olhei o céu e vi mais uma estrela a brilhar...
É estranha esta vida, e dói
quando é interrompida sem o ciclo estar completo, quando ainda temos algo para
dar… é triste por ser nosso amigo e ainda mais triste por ser o Pai de um dos
Nómadas.
Faz-me pensar em todos os familiares
e amigos que já vi partir e recordo cada um deles com eterna saudade e guardo
um bocado de cada um deles no meu coração.
Esta doença maldita que nos leva
sem escolher raça, côr, credo ou idade. Só tomei consciência dela no dia 16 de
novembro de 2006, certamente até hoje o dia mais triste e a maior frustração da minha
vida. Recordo cada momento, desde o dia 29 de junho em que soube a notícia que
a nossa amiga tinha vindo para Santa Maria, para ser operada a um tumor na
cabeça. Mas o que é isso? Certamente vai ser operada e fica bem, pensei eu...
Já mais à frente após a segunda operação e após as visitas no hospital e poucos
dias antes do desfecho, para mim ainda era impensável que abalasse, não fazia
sentido após tantas rezas, tantas preces, simplesmente não podia acontecer… mas
aconteceu e nunca publiquei o que senti porque é blasfémia.
Com o passar dos anos vamos
ficando com maior experiência da vida e a partida do Pai do nosso amigo não me
apanhou tanto de surpresa, mas nem por isso se torna menos dolorosa.
Perder alguém é uma experiência que
nos marca para toda a vida, fica-nos gravado na memória, é uma tatuagem para
todo o sempre, que ninguém vê, mas que nós sentimos para sempre… lembro-me do
meu Bisavô Barreto que faleceu quando eu tinha uns 6 anos, recordo-me de ver a
minha Mãe a chorar à porta do antigo Hospital de Albufeira, do meu tio Bisavô Joaquim, que andava Eu a jogar à bola junto à
cabine nas traseiras do prédio, quando me chamaram a casa e me deram a notícia,
da minha Bisavó Alice, já teria Eu uns doze a treze anos, no dia em que eu
tinha comprado um rádio gravador, que insisto em ficar com ele devido a essa
infeliz coincidência, da minha Tia Avó Deonilde, já teria uns 16 anos e que
desatei a chorar que nem uma criancinha pequenina quando soube da notícia, do
meu Tio Isaurindo, outro que não completou o ciclo e quando assim é custa
sempre mais, um AVC que o levou em 2002 na casa dos 50 anos, soube da notícia
quando estava no trabalho. Da nossa amiga Vera, quando estava no trabalho e me
pediram para avisar o Sr. Joaquim que Ela estava a despedir-se desta vida,
inesquecível… depois de dar a notícia, perguntaram-me coisas do trabalho e Eu
simplesmente só abanei a cabeça e não fui capaz de abrir a boca o resto do dia…
Hoje foi o Sr. Joaquim Carvalho, uma notícia que infelizmente e dada a
experiência da vida não me apanhou de surpresa. Para mim foi uma honra poder
ter conhecido e compartilhado momentos da minha vida com o Sr. Joaquim, que
deixou como maior legado os dois filhos magníficos que tem e que Eu os adoro e
a quem lhes expresso os meus profundos sentimentos, assim como à sua esposa.
Talvez alguns de vós se perguntem
como é que ele tem há vontade para falar destas coisas…, simplesmente porque
confio em vós para desabafar e para mim vocês são uma verdadeira família e é um
orgulho ter-vos a todos como amigos.
A vida ensinou-me a encarar a
morte como o início de uma longa viagem… acreditando nisso sempre me senti
melhor, quem deixou a terra, abalou para um mundo melhor e sei que um dia nos
voltaremos a encontrar.
Já senti e pensei que teria de
partir antes de tempo e lembro-me que acatei com resignação e com conformismo,
lamentando apenas saber que não poderia ver a minha filha crescer, mas sabendo
que estava muito bem entregue à mulher fantástica que tenho.
Como nunca se sabe o que nos
espera, se algum dia tiver de abalar primeiro, só vos peço que apoiem as minhas
duas princesas e que cumpram o texto que escrevi há alguns anos atrás e que se
lembrem da forma de como Eu vivi e não daquela como morri.
A LONGA VIAGEM
Parti para a
longa viagem,
Parti sem
ninguém saber,
Nada levando na
bagagem,
Nada deixando
por fazer,
Com amigos
bebi,
Com amigos me
embriaguei,
Levo deles a
saudade,
E a saudade
deixarei,
Embriagado de
amor por elas,
Por elas me apaixonei,
Deram-me longas
noites de dor,
Deram-me longas
noites de prazer,
A nada fui
obrigado,
Tudo o que fiz
foi por querer.
Agora que
abalei,
Não quero
lágrimas ou flores,
Quero risos e
alegria,
E as garrafas a
escorrer.
Quando nos
reunirmos novamente,
Na nossa ultima
morada,
Brindaremos
outra vez,
Ergueremos os
copos,
E tudo tornará
a acontecer,
Da noite
nascerá o dia,
E voltaremos a
viver.
2000.06.11
3 comentários:
Olá meus amigos!! Vim hoje ao blog ao fim de algum tempo, para deixar um desabafo. Mas já estava escrito..
O nosso sotnas já me tinha lido alguns dos pensamentos, e coloco-os no ´´papel´´. Amigos como vocês não crescem nas ávores, mas a amizade que nos une é mais forte que um tronco.. Vocês são Familia que amo e e estimo muito. E nos bons e maus momentos lá estão vocês... Obrigado pelo vosso apoio. Foi muito importante para mim, nós, saber que vocês estão aí.. Obrigado Nómadas!!
Olá meus amigos!! Vim hoje ao blog ao fim de algum tempo, para deixar um desabafo. Mas já estava escrito..
O nosso sotnas já me tinha lido alguns dos pensamentos, e coloco-os no ´´papel´´. Amigos como vocês não crescem nas ávores, mas a amizade que nos une é mais forte que um tronco.. Vocês são Familia que amo e e estimo muito. E nos bons e maus momentos lá estão vocês... Obrigado pelo vosso apoio. Foi muito importante para mim, nós, saber que vocês estão aí.. Obrigado Nómadas!!
Obrigado Amigo pelas sinceras palavras que nos deixas.
Muita força para enfrentar o futuro e seguir com a vida para a frente e os desejos de tudo de bom para cuidares da tua Mulher e dos teus Pequenos e dares o apoio necessário à tua Mãe e à tua Irmã.
Sempre que precisares de algum apoio, não hesites em pedi-lo, que estamos cá para ajudar no que estiver ao nosso alcance.
Um grande abraço.
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