2008/12/07

AMANHÃ É DEMAIS

Como eu gosto que cobicem eu ser livre
Como eu gosto que amanhã nunca amanheça
É a forma de saber que o sonho de hoje
Nunca vai acontecer mas nunca esqueça

Como eu gosto que cobicem a loucura
Como quem conquistasse a liberdade
E se o hoje não vale nem perdura
Seja o sonho pousar como a ternura
No futuro dessa gente, noutra idade

Como eu gosto do hoje, o hoje, o hoje
Amanhã é demais, pode não ser
Como eu gosto do hoje, o hoje, o hoje
Amanhã pode nunca acontecer

Como eu gosto que afinal o rio não corra
Que não vá, que não parta aquele caminho
Para que eu fique aqui solene a vida toda
E o tempo nos construa outro fascínio

Como eu gosto de beber este momento
Que não fuja, que não morra esta verdade
Só assim somos eternos com talento
E guardamos para amanhã o juramento
Construamos esta noite com vontade

Como eu gosto do hoje, o hoje, o hoje
Amanhã é demais, pode não ser
Como eu gosto do hoje, o hoje, o hoje
Amanhã pode nunca acontecer

PEDRO BARROSO, Crónicas da Violentíssima Ternura - 2001
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1 comentário:

pedro alvim disse...

Viva o SLB!! Quanto ao poema como eu gosto da vossa companhia e da vossa presença..