2008/05/07

VELHO

Parado e atento à raiva do silêncio
de um relógio partido e gasto pelo tempo
estava um velho sentado no banco de um jardim
a recordar fragmentos do passado

na telefonia tocava uma velha canção
e um jovem cantor falava da solidão
que sabes tu do canto de estar só assim
só e abandonado como o velho do jardim?

o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um velho sentado num jardim

passam os dias e sentes que és um perdedor
já não consegues saber o que tem ou não valor
o teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim
pra dares lugar a outro no teu banco do jardim

o olhar triste e cansado procurando alguém
e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém
sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver
a imagem da solidão que irão viver
quando forem como tu
um resto de tudo o que existiu
quando forem como tu
um velho sentado num jardim.
Mafalda Veiga

3 comentários:

Kid disse...

a esperança de vida cada vez mais longa tem a desvantagem de prolongar a solidão dos que perdem o companheiro(a) pelo caminho. acaba-se frequentemente sem a dignidade merecida, abandonado até pelos próprios filhos.

somos novos, vamos mas é deixar estas conversas para quando já não conseguirmos subir para a mota e procurar não deixar os nossos pais se reverem em canções como esta.

pedro alvim disse...

Assino por baixo...

Rui Santos disse...

Por vezes fico assim melancólico e esta música é carregada de mensagem e de sentimento, por isso quis partilhar aqui a sua letra, para alertar as consciências de todos, que devemos saber estimar os nossos idosos, pois se o ciclo da vida se completar normalmente, um dia também havemos de lá chegar.